segunda-feira, 19 de setembro de 2011

José Oswald de Souza Andrade



Biografia

José Oswald de Souza Andrade nasceu em São Paulo em 11 de janeiro de 1890 e morreu em 22 de outubro de 1954, também em São Paulo e é considerado um dos principais literatos do modernismo no Brasil. Além de escrever, se formou em Direito em 1919. Publicou seus primeiros trabalhos no semanário paulista de crítica e humor intitulado "O Pirralho", que ele mesmo havia fundado em 1911. O semanário o tornou conhecido como um escritor combativo e polemista. Em 1916 deu inicio ao livro Memórias Sentimentais de João de Miramar. Em 1917 conheceu Mario de Andrade e a partir de então, passaram a trabalhar juntos iniciando movimentos que visavam a Semana de Arte Moderna de 1922. o escritor modernista Oswald de Andrade escreveu o romance Trilogia do Exílio. A partir de então, escreveu outras obras: Estrela de Absinto, A Escada Vermelha, Primeiro Caderno do Aluno de Poesia, etc.

Pelo espírito irreverente e combativo, nenhum outro escritor do modernismo ficou mais conhecido que Oswald. Sua atuação é considerada fundamental na cultura brasileira da primeira metade do século 20. Publicou "Os Condenados" e "Memórias de João Miramar". Em 1924, iniciou o movimento Pau-Brasil, juntando o nacionalismo às idéias estéticas da Semana de 22. Em 1926, casou com a pintora Tarsila do Amaral, e os dois se tornaram a dupla mais importante das artes brasileiras (Mário de Andrade os apelidou de "Tarsiwald").

Oswald escreveu o "Manifesto Antropofágico", A linguagem do manifesto é majoritariamente metafórica, contendo fragmentos poéticos bem-humorados e torna-se a fonte teórica principal do movimento. A intenção era promover o resgate da cultura primitiva, e o autor o faz por meio de um processo não harmonioso de tentar promover a assimilação mútua por ambas as culturas. Oswald, no entanto, não se opõe drasticamente à civilização moderna e industrializada, mas propõe um certo tipo de cuidado ao absorver aspectos culturais de outros, para que a modernidade não se sobreponha totalmente às culturas primitivas. E também, para que haja maior cuidado ao absorver a cultura de outros lugares, para que não haja absorção do desnecessário e a cultura brasileira vire um amontoado de fragmentos de culturas exteriores.

Com a crise de 29, Oswald teve as finanças abaladas e sofreu uma reviravolta na vida. Rompeu com Mário, separou-se de Tarsila e casou com a escritora e militante política Patrícia Galvão. Filiou-se ao PCB após a revolução de 1930 (romperia com o partido em 1945, embora continuasse sendo de esquerda). Em 1931, quando dirigia o jornal "O Homem do Povo", foi várias vezes detido. Em 1936, após ter-se separado de Pagu, casou com a poetisa Julieta Bárbara. Em 1944, outro casamento, agora com Maria Antonieta D'Aikmin, com quem permaneceria até o fim da vida. Além de poemas, já lançara o romance "Serafim Ponte Grande" (1933) e as peças "O Homem e o Cavalo" (1934) e "O Rei da Vela" (1937). Em 1939, na Suécia, representou o Brasil num congresso do Pen Club (a entidade internacional que congrega os literatos dos diversos países). Prestou concurso para a cadeira de literatura brasileira na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP com a tese "A Arcádia e a Inconfidência" e, em 1945, obteve o título de livre-docente.
 
Oswald morreu aos 64 anos. Sua poesia seria precursora de dois movimentos distintos que marcariam a cultura brasileira na década de 1960: o concretismo e o tropicalismo.



Características da obra
Entre as características gerais de sua obra, são marcantes: poemas rápidos, cheios de irreverência, ironia, coloquialismos. Tematicamente relacionados ao cotidiano e à identidade do povo brasileiro, em especial ao seu jeito de falar.
Características estéticas: grande liberdade formal, com o uso de versos livres (metrificação irregular) e brancos (sem esquemas de rima), pontuação despreocupada etc.



Poesias do autor
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

Outras poesias marcantes:
  • 1925: Pau-Brasil 
  • 1925: Canto de Regresso à Pátria 
  • 1927: Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade 
  • 1945: Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão 
  • 1945: O Escaravelho de Ouro 
  • 1947: O Cavalo Azul 
  • 1947: Manhã


Principais Romances

Serafim Ponte Grande (1933)
Apesar de aparente desordem, o romance apresenta uma estrutura que permite defini-lo como um livro de memórias dividido em onze partes ou capítulos agrupados em três partes:

PRIMEIRA: etapa de formação, apresentando a infância, adolescência, o casamento com Dona Lalá, a sátira à Revolução de São Paulo, em 1924 . O erotismo erreverente é nota constante.

SEGUNDA - viagens e aventuras pela Europa e Oriente.

TERCEIRA : o retorno e viagem utópica. Serafim ataca o quartel da polícia, a imprensa e o serviço sanitário. Perseguido , é fulminado por um raio. Pinto Calçudo, secretário de Serafim, se apossa do navio. "El Durasno", e funda a sociedade utópica, composta por ele e os tripulantes do navio, empreendendo umja viagem permanente.

Serafim Ponte Grande encarna o mito de herói latino - americano individual,, remando contra a corrente, procurando romper as cadeias do conformismo e da hipocrisia burguesa a golpes de ironia e sarcasmo. Mas o sonho de Serafim, por ser individual, acaba frustrando-se tragicamente, atirando o "herói" à marginalidade e amargura.

Outros romances marcantes:
  • 1922-1934: Os Condenados (trilogia) 
  • 1924: Memórias Sentimentais de João Miramar 
  • 1943: Marco Zero à Revolução Melancólica

Principais Teatros


O Rei da vela
A peça conta a história de um agiota inescrupuloso, Abelardo I, o Rei da Vela. Com negócios diversificados, sua especialidade são empréstimos. Aproveitando-se da crise econômica que flagela o país, Abelardo empresta dinheiro e cobra juros escorchantes. E ai daquele que se atrever a chamá-lo de usurário. Reforma os títulos, até o dia em que cobra tudo e deixa liso o devedor. Prepotente, Abelardo pisa em quem pode, mas sabe que é apenas "um feitor do capital estrangeiro". Ingleses e norte-americanos comandam o jogo, no qual brasileiro só faz figuração. Heloísa, por exemplo, deve servir ao Americano, personagem que entra em cena no segundo ato da peça.

Abelardo I é um representante da burguesia ascendente da época. Seu oportunismo, aliado a crise da Bolsa de Valores de Nova York, de 1929, permite-lhe todo tipo de especulação: com o café, com a indústria, etc. Sua caracterização como o “Rei da Vela” é extremamente irônica e significativa: ele fabrica e vende velas, pois “as empresas elétricas fecham com a crise. Ninguém mais pode pagar o preço da luz”. Também é costume popular colocar uma vela na mão de cada defunto, assim Abelardo I “herda um tostão de cada morto nacional”. Abelardo torna-se então o símbolo da exportação, a custa da pobreza e das supertições populares.como personagem, ele também denuncia a invasão do capital estrangeiro; daí a irônica consideração sobre “a chave milagrosa da fortuna, uma chave yale”.

Heloísa representa a ruína da classe fazendeira. Seu pai, coronel latifundiário, vai a falência, num retrato em que predomina a perversão e o vício, símbolo de uma classe em decadência. A aliança de Abelardo e Heloísa pode, assim, representar a fusão de duas classes sociais corruptas pelo sistema capitalista.

Uma terceira personagem vem a completar o quadro social de Brasil da época: Mr. Jones, que simboliza o capital americano: sua presença revela um país endividado: “os ingleses e americanos temem por nós. Estamos ligados ao destino deles. Devemos tudo o que temos e o que não temos. Hipotecamos palmeiras... quedas de águas. Cardeais!”

A escolha dos nomes é irônica: Abelardo e Heloísa são dois famosos amantes da Idade Média: ele, um teólogo francês de século XII, ela, sobrinha de um sacerdote. Pouco tem a ver, portanto, com as personagens oswaldianas. Entre os noivos de Oswald, não há idealismo: Heloísa casa-se por interesse, fato sabido por Abelardo I, que também vê vantagens na aliança. Na verdade, Heloísa é membro de uma família da aristocracia rural falida e Abelardo I, da burguesia em ascensão. O casamento entre ambos é uma metáfora: com ele, Oswald simboliza a união entre essas duas classes sociais.

Outros teatros marcantes:
1925: O rei Floquinhos (infantil)
1937: O rei da vela
1937: A morta
1943: O Homem e o Cavalo


Oswald de Andrade - Completo
Este documentário produzido através do projeto-programa "De Lá Pra Cá" oferece uma bela apresentação sobre a vida e a obra do Poeta e Modernista brasileiro, Oswáld de Andrade. Esse poeta possui uma forte presença na Semana de Arte Moderna de São Paulo e produziu excelentes obras sobre a Identidade do Brasil, resgatando e valorizando o mais simples como o Português Popular , entre outras coisas do nosso Brasil.

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